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Jornalista denuncia Matsuflora por uso de documento falsificado para anexar terreno de 3 milhões.

  • Foto do escritor: Absurdos Jurídicos
    Absurdos Jurídicos
  • 10 de nov. de 2019
  • 6 min de leitura

Quando a Justiça tarda, ela já falhou.

Jornalista e escritora goiana denuncia empresa gigante do ramo de exportação de plantas ornamentais - Matsuflora - por usar a lentidão e omissão da justiça para faturar milhões, mesmo sabendo que o documento que usa numa suposta disputa de posse na justiça não passa de uma grosseira falsificação. 


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Sob a alegação de que aguardam uma decisão da justiça, os empresários donos da Matsuflora Garden Center - Mudas e Plantas Ornamentais (Brasília e Goiânia) parecem não se importar com a questão moral e a verdade, confiando que a justiça lhes dará mais 5, 10 anos de lucros sem pagar um tostão a quem é o legítimo dono da terra que vale entre 3 e 4 milhões de reais, patrimônio fruto de uma vida de trabalho da jornalista que foi também empresária até o mercado imobiliário entrar em crise. 

Os empresários da Matsuflora mostram que têm conhecimento da imoralidade da posse, porque embora utilizem o terreno, não colocam no endereço oficial nos sites e redes a chácara 5, que está totalmente plantada, produzindo milhões anualmente. 

Nesta entrevista, outros aspectos da grilagem se revelam assustadores pela frieza dos proprietários da Matsuflora.


Você nos apresenta histórico de pagamentos de ITU, mapa da prefeitura com a sua inscrição de matrícula… Que documentos essa outra parte usou para retirar sua posse?

Usou apenas uma certidão de matrícula e umas poucas guias de IPTU que conseguiu através de favores na Prefeitura, mas ele todas com data de emissão igual, porque nunca tiveram inscrição cadastral ou vínculo da matrícula usada com o Município. E mesmo sem documentos sólidos o juiz concedeu a posse em 3 DIAS. Levou apenas 3 dias entre o protocolo para a sentença, o que indica provável acordo prévio para validar a fraude.


Sem ouvir vocês ou foram convocados para apresentar o contraditório?

Não fomos chamados. O advogado explicou que o juiz pode entender estar diante de um documento legítimo (o cartório tem fé pública) e conceder a posse sem ouvir a outra parte. O que surpreende é que mesmo depois de descobrirmos que a fraude se deu com a adulteração de uma página no livro de registros do Cartório, a Matsuflora continua ignorando a descoberta da fraude e usando livremente o terreno, ancorada na demora da justiça que já está há quase cinco anos sem evolução do processo. Recursos protelatórios são conhecidos em litigância de má fé. A ideia deles é fazer o processo vai levar anos e minha defesa se tornar tão cara que eu não possa mais pagar. Não tenho recursos para bancar anos de advogados e despesas até a justiça reconhecer uma prova que está nas minhas mãos, nas mãos da Matsuflora, e que o juiz precisaria somente verificar o que tem em mãos. Ou seja… Sou a vítima, e os custos para defender o que é meu têm que sair de mim. É injusto, posso perder meu patrimônio por falta de altíssimas quantias para defendê-lo. 


O que a Matsuflora diz em relação à prova da fraude?

A Matsuflora não diz nada. Encaminhei a aos proprietários a prova da fraude logo que descobrimos, e eles e não ligam, continuam plantando no terreno e me ignoram. Tentei inúmeros contatos, mas eles dizem que isso é "com o advogado". Sabem o que o advogado está fazendo e se escondem atrás disso, mas são eles que ocupam a área e obtêm altíssimos lucros.


Você iniciou uma campanha nas redes sociais mostrando as provas da fraude. Eles se manifestaram depois disso?

Apenas tomaram medidas para restringir o meu direito de apresentar publicamente os documentos falsos, mas não há nenhuma indicação até agora de que estejam dispostos a parar esse processo absurdo e pagar aluguel ou comprar a área ou devolver o que eles sabem que não lhes pertence. Essa perversidade, esse sangue frio me assusta. Por isso fiz a campanha, para que eles fazem em segredo há quase 5 anos se torne de conhecimento público, que eles tenham que explicar isso aos seus filhos, aos amigos… Se tiverem pai… uma mãe… Gostaria que eles não se justificassem para mim, já que nunca o fizeram, mas para todos os que os tomam por pessoas honradas porque desconhecem o que são capazes de fazer em segredo, longe das vistas da sociedade. A verdade é um direito da sociedade, até para que outros não passem pelo que estou passando. Se houvesse mais visibilidade, as injustiças cairiam vertiginosamente.

 

Você relatou situações de cerco jurídico e comentou num post que com um homem seria diferente. Acredita que há exploração da mulher nesse processo?

Historicamente as viúvas foram as maiores vítimas de grilagem de terras. No caso da Matsuflora, um homem chegaria lá e resolveria na truculência, eles se respeitam entre si. Tanto que enquanto eu estive casada, com um marido, o japonês dono da Matsuflora teve a chance de comprar esse documento falso, foi avisado que o documento que ofereciam a ele era falsificado e recuou. Depois do meu divórcio foi quase instantaneamente a transação entre eles. Mostrei toda a documentação de propriedade para ele, mas ele preferiu negociar com um homem de Uberlândia, que inclusive responde a 25 processos muitos deles por casos semelhantes, do que respeitar o meu direito a um bem que me custou uma vida de trabalho. 

Chega a ser cínico que os lucros da Matsuflora venham de venda de flores para mulheres, para presentear e homenagear mulheres e mães, enquanto por trás dessa fachada singela eles se apropriem de um bem único de uma mulher, mãe, que não tem a força bruta para contra-atacar e fazer validar o seu direito. Porque quando a justiça acaba, o direito é validado na disputa de forças, e nesse ponto nós mulheres estamos em desvantagem. Chega a ser macabro esse tipo de abuso quando o produto deles tem mercado em razão da sensibilidade da mulher.


O que significa “a justiça acaba”?

Isso que está acontecendo, com toda a prova de fraude grotesca, não é disputa de direito de propriedade, é um roubo validado pela inércia judicial. Se o juiz tem muitos processos, se a lei permite recursos protelatórios infinitos, se há explicações para o que estou passando, isso não muda a minha realidade, e meus filhos e eu somos vítimas de tudo isso. Não há incômodo para o judiciário, há lucros muito altos para a Matsuflora, e eu pago sozinha o preço pelos problemas do judiciário? Então esse judiciário se torna também um fardo, um dos elementos da injustiça e do cerceamento ao direito. É inexplicável deixar pessoas sob o peso do poder de uma empresa milionária que usa de recursos jurídicos para se beneficiar injustamente.


O que você espera que possa acontecer a partir de agora?

Se a Matsuflora acredita que pode ficar a vida toda atuando sem se importar com o fato de seus clientes e concorrentes saberem que praticam concorrência desleal, visto que obtêm lucro com terra que não pertence a eles, é porque ética e honradez se tornaram termos mortos para eles. A imprensa tem o poder de mostrar e as pessoas que leem têm o poder de cobrar a justiça moral da Matsuflora, já que a legal não virá a tempo de cessar minhas perdas. Se a justiça falha, a sociedade pode ser a resposta. No caso do cachorro espancado e brutalmente assassinado no Carrefour, não foi a justiça que deu a resposta. Pela justiça nada aconteceria, foi a sociedade. A imprensa se comunica com a sociedade, é o quarto poder porque dá visibilidade aos maus atos, aos abusos. Eu espero poder contar com a imprensa e a sociedade para que gritem comigo pelo reconhecimento do meu direito e a devolução de um patrimônio que me é extremamente necessário. Sozinha eu fui vencida. Peço ajuda para as outras mulheres, aos outros comerciantes, pais que criam seus filhos com o suor do próprio trabalho como eu, aos que também sofrem na pele o peso das injustiças. Teremos agora que ser uns pelos outros. Hoje acontece comigo, amanhã pode ser com qualquer pessoa que lê agora o meu depoimento que a justiça nunca quis ouvir. Quando a justiça falha, só temos uns aos outros como meio de nos defender mutuamente.


* A Jornalista Miriam Moraes lançou a pg no facebook "Devolve a Terra Matsuflora" onde posta as provas e vai atualizando os seguidores das decisões e desdobramentos do caso. Também enviou cópias do processo e as provas para a OAB, a Abraji e veículos de imprensa enquanto aguarda a decisão de um pedido de reversão com urgência que está na 1a Vara Civel de Goiânia.

 
 
 

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